Dados do Trabalho

Título

INJURIA RENAL AGUDA NA GESTAÇAO: UM RELATO DE CASO

Introdução

A Injúria Renal Aguda (IRA) durante a gravidez pode ser causada por distúrbios comuns à população. Existem, porém, complicações específicas potencialmente fatais para a mãe e o feto no caso de diagnóstico e reconhecimento tardios.

Objetivos

Evidenciar os diagnósticos diferenciais de IRA na gestação.

Descrição do caso

Gestante, 21 anos, 26 semanas e 5 dias, feto único feminino. Buscou múltiplos atendimentos por dor lombar unilateral à direita, medicada com anti-inflamatórios (AINE) e norfloxacino. Houve piora da dor e febre. Sem perdas líquidas ou corrimentos vaginais. Admitida na enfermaria, iniciou uso de Ceftriaxone. Após dois dias, evoluiu com icterícia e hipoglicemia grave refratária. Ao exame físico, regular estado geral, desidratada, normotensa, taquipneica. Abdome gravídico indolor. Sem edemas. Exames na ocasião: acidose metabólica, clearance de creatinina (CKD-EPI) 7ml/min/1.73m², anemia normocítica, sem esquizócitos ou plaquetopenia, desvio para formas jovens, provas inflamatórias elevadas, canaliculares tocadas, transaminases e coagulograma normais, bilirrubinemia às custas de direta, hipoalbuminemia, hiperuricemia. Encaminhada para unidade intensiva, necessitou de terapia dialítica por acidose. Viabilidade fetal acompanhada por Doppler. Feita ressonância que identificou hepatoesplenomegalia e áreas de intensidade de sinal heterogêneas em rim direito com formação de abscessos. Sorologias negativas. Urina simples: proteinúria, piúria, cilindrúria, FeNa 12%. O abscesso drenado com crescimento de E. COLI multissensível. Seguiu com melhora clínico-laboratorial, feto hígido, recebendo alta hospitalar após 28 dias de antibiótico venoso. A partir da 20ª semana de gestação, deve-se pensar em pré-eclâmpsia com ou sem HELLP, púrpura trombocitopênica trombótica ou síndrome hemolítico urêmica, fígado gorduroso agudo da gravidez (AFLP), necrose cortical renal, pielonefrite aguda, obstrução do trato urinário e pós parto associada a AINE. As hipoglicemias refratárias e icterícia podem relacionar-se à disfunção hepática, por isso a suspeição de AFLP, causada por defeitos enzimáticos na oxidação fetal que levam à doença hepática aguda materna, sendo a interrupção da gravidez mandatória. No caso, atribuímos as alterações encontradas à infecção localmente avançada.

Conclusões

Conhecer os diferentes diagnósticos de IRA na gestação auxilia o raciocínio e propedêutica visando reconhecimento e tratamento precoce das doenças graves.

Palavras Chave

Insuficiência Renal Aguda; IRA; Gestação; AFLP; Abscesso Renal.

Área

Trabalho