Dados do Trabalho


Título

IMPACTOS CLINICOS DA COINFECÇAO DOENÇA DE CHAGAS E COVID-19

Introdução

A doença de Chagas é causada pelo parasito Trypanosoma cruzi, endêmica na América Latina e considerada negligenciada, atingindo sete milhões de pessoas no mundo e podendo levar à elevada morbimortalidade. Considerando que os portadores da doença de Chagas são em parte idosos e possuem comorbidades com outras doenças cardiovasculares, pode-se inferir que eles estão susceptíveis às formas mais graves da COVID-19, podendo ser considerados um grupo de risco. Avaliar a coinfecção doença de Chagas/Covid-19 pode colaborar para compreensão dos mecanismos envolvidos nas duas doenças, assim como contribuir para a melhor condução destes casos.

Objetivos

Avaliar a evolução clínica da coinfecção Chagas/COVID-19 e a gravidade da infecção pelo SARS-CoV-2.

Delineamento e Métodos

Foram avaliados 34 pacientes, atendidos pelo Grupo de Estudos em doença de Chagas (GEDoCh)/HC/UNICAMP , com idade igual ou superior a 18 anos, com doença de Chagas e com teste positivo para COVID-19 (RT-PCR, testes rápidos ou sorologia). O estudo se baseou na análise dos prontuários clínicos dos pacientes coinfectados em relação aos aspectos clínicos e dos exames subsidiários das duas doenças.

Resultados

30 (85,7%) pacientes possuem comorbidades associadas à doença de Chagas, e, após a infecção por Sars-CoV-2, 7 de 27 (25,9%) pacientes precisaram ser internados durante a infecção pelo vírus, sendo 3 (8,82%) em UTI - 2 (5,88%) deles portadores da forma cardíaca -, 14 (41,18%) relataram sequelas como dispneia, tosse e dor torácica e dois (5,88%) dos 34 pacientes evoluíram da forma indeterminada da doença de Chagas para cardíaca e digestiva, respectivamente. Em relação aos eletrocardiogramas dos pacientes, foi possível a análise de antes e depois da infecção por COVID-19 em 27 pacientes, dentre os quais quatro (14,81%) tiveram alterações: dois pacientes evoluíram com a necessidade de implantar marcapasso, um de bloqueio atrioventricular grau I para grau II e um com uma nova alteração, antes com bloqueio fascicular esquerdo e bloqueio atrioventricular grau I e, depois, também com bloqueio de ramo direito.

Conclusões

Sugere-se que houve agravamento do quadro de doença cardíaca considerando as alterações do eletrocardiograma e aos sintomas pós infecção, principalmente a piora ou o surgimento de dispnéia nesses pacientes. Quanto à gravidade da infecção por Sars-CoV-2, merece destaque a necessidade de UTI para 2 dos 17 pacientes com a forma cardíaca da doença de Chagas.

Palavras Chave

Coinfecção, Doença de Chagas, COVID-19.

Área

Trabalho

Instituições

Faculdade Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - São Paulo - Brasil

Autores

LARISSA KLAUMANN SCHMIDT, JÔNATAS PIAZZA PENA, JAMIRO DA SILVA WANDERLEY, GLÁUCIA ELISETE BARBOSA MARCON, LUIZ CLÁUDIO MARTINS